RUBEM 27/06
“Nunca poderão me acusar como falador da vida alheia,
porque não sei fazer outra coisa que não falar de mim.”
Antônio Maria
Ele aparece justamente quando mais desejamos paz. Nunca é convidado, chega de intrometido. Um pulôver sobre os ombros combinando com as meias. Fala alto ao telefone, talvez nem exista um ouvinte na outra ponta da linha. Pede desculpas antes e depois de qualquer frase e se senta no lugar vago de quem foi ao banheiro. Tem sempre um ditado popular, quase sempre errado ou incompleto, engatilhado: “Desculpa, mas, foi a ar…”. Seu nome é Muito. Sobrenome, Chato.
Não bastasse a inconveniência existencial dessa espécie, os muito chatos discorrem, invariavelmente, sobre um único e miserável assunto: eles mesmos.
Diferente dos egochatos, do LFV e do homem autobiográfico, do Antônio Maria, que procuram sempre contar suas vantagens, os chatonildos (vamos chamá-los assim) nos despejam, a todo o momento, lamúrias, mazelas…
Ver o post original 337 mais palavras