Chatonildo [Tiago Maria]

RUBEM 27/06

RUBEM

“Nunca poderão me acusar como falador da vida alheia,

porque não sei fazer outra coisa que não falar de mim.”

Antônio Maria

Ele aparece justamente quando mais desejamos paz. Nunca é convidado, chega de intrometido. Um pulôver sobre os ombros combinando com as meias. Fala alto ao telefone, talvez nem exista um ouvinte na outra ponta da linha. Pede desculpas antes e depois de qualquer frase e se senta no lugar vago de quem foi ao banheiro. Tem sempre um ditado popular, quase sempre errado ou incompleto, engatilhado: “Desculpa, mas, foi a ar…”. Seu nome é Muito. Sobrenome, Chato.

Não bastasse a inconveniência existencial dessa espécie, os muito chatos discorrem, invariavelmente, sobre um único e miserável assunto: eles mesmos.

Diferente dos egochatos, do LFV e do homem autobiográfico, do Antônio Maria, que procuram sempre contar suas vantagens, os chatonildos (vamos chamá-los assim) nos despejam, a todo o momento, lamúrias, mazelas…

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Autor: tiago maria

E com vocês, por mais incrível que pareça, Tiago Maria, brasileiro, cansado, 43 anos, cardioinsistente. Profissão: esperança.

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